quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A INQUISIÇÃO.


Tribunal da Igreja Católica instituído no século XIII para perseguir, julgar e punir os acusados de heresia. A Santa Inquisição foi fundada pelo Papa Gregório IX (1148-1241) em sua bula Excommunicamus, publicada em 1231. Heresias são doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido como matéria de fé. Na época inicial da Igreja elas eram punidas com a excomunhão. Quando no século IV o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, os heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do estado.


                                               Século XI representando Papa Gregório.    



Na Europa , entre o século XI e XV, as heresias são geradas principalmente pelo desenvolvimento cultural, acompanhado de prosperidade econômica e crescimento urbano. As reflexões filosóficas e teológicas da época produzem conhecimento que contradizem a concepção de mundo defendida até então pelo poder eclesiástico. Além disso, surgem movimentos cristãos, como os cátaros em Albi, e os valdenses em Lyon, no sul da França, que pregam a volta do cristianismo às origens, defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em resposta a essas heresias, milhares de albigenses são liqüidados por exércitos papais, entre os anos de 1208 e 1229.
A Inquisição é criada dois anos depois. A responsabilidade pela ortodoxia da religião passa dos bispos aos inquisitores, sob a direta jurisdição do Papa, e são estabelecidas punições severas. As penas podem variar, desde a obrigação de fazer uma abjuração pública ou uma peregrinação a um santuário até o confisco dos bens e a prisão em cadeia. A pena mais severa é a prisão perpétua, mas as autoridades civis automaticamente a converte em execução pública na fogueira ou na forca. Os heréticos não podem recorrer ao direito de asilo, e em geral, duas testemunhas constituem suficiente prova de culpa.
Em 1252, o Papa Inocêncio IV sanciona o uso da tortura como método de obtenção da confissão de suspeitos. As condenações dos culpados são lidas numa cerimônia pública no fim dos processos. É o chamado auto-de-fé. Nos séculos XIV e XV, os tribunais da Inquisição diminuem sua atividade e são recriados sob a forma de uma Congregação da Inquisição contra os movimentos da Reforma Protestante e contra as "heresias" filosóficas e científicas saídas do Renascimento. Vítimas notórias da fogueira da Inquisição são a heroína francesa Joana D'Arc (1412-1431), executada por declarar-se mensageira de Deus e usar roupas masculinas, e o italiano Giordano Bruno (1548?-1600), considerado o pai da Filosofia moderna, condenado por concepções intelectuais consideradas contrárias às aceitas pela Igreja.
Uma forma ainda mais violenta da Inquisição surge surge em 1478, na Espanha, a pedido dos reis católicos Fernando e Isabel, contra os judeus e muçulmanos, que são convertidos pela força ao catolicismo

CARACTERÍSTICAS DO PODER DA IGREJA NA IDADE MÉDIA.



  A Igreja foi a instituição mais poderosa da sociedade medieval do Ocidente. As magníficas catedrais construídasna Europa nos séculos XII e XIII são sinais impressionantes desse poder.
Naquela época não existiam usinas, fábricas, bancos nem máquinas. O importante era a terra. A riqueza era medida pela quantidade de terra que alguém possuía. A Igreja chegou a ser proprietária de dois terços das terras de toda a Europa. Era uma instituição poderosíssima, a "grande senhora feudal". Alguns mosteiros medievais eram verdadeiros feudos, enormes e com numerosos servos.
Todos os bispos eram proprietários de terras. Aliás, ser bispo era um grande negócio na Idade Média. Veja o que diz um bispo do século IX:
"Para ordenar um padre, cobrarei em ouro; para ordenar um diácono, cobrarei um monte de prata (...). Para chegar a bispo, paguei bom ouro, mas agora hei de rechear a bolsa".
Essa mentalidade demonstra como os membros da Igreja na Idade Média se deixaram seduzir pelos bens materiais. Arcebispos, bispos e abades eram os equivalentes aos duques, barões e condes e em geral viviam no luxo.

ORGANIZAÇÃO DA IGREJA.




Basílica de São Pedro.

A direção da igreja católica pertencia ao papa e aos bispos, cada bispos administrava um território denominada diocese, os bispos eram auxiliados nessas tarefas pelos cônegos.
As dioceses eram formadas por várias paróquias, e cada uma delas tinha um padre chamado (pároco) para administra-lá A igreja portanto estava organizada como um verdadeiro Estado, mais poderoso que os reinos medievais. Até hoje a igreja é organizada praticamente da mesma forma.

O PODER DA IGREJA CATÓLICA NO MUNDO FEUDAL.


A Igreja Católica teve papel preponderante na formação do feudalismo; além de grande proprietária de terras, estruturou a visão de mundo do homem medieval. Na realidade, foi a instituição que sobreviveu às inúmeras mudanças ocorridas na Europa no século V e, ao promover a evangelização dos bárbaros, concretizou a simbiose entre o mundo romano e o bárbaro.
Tal fato a tornou herdeira da cultura clássica, pois no universo medieval a Igreja Católica monopolizava o conhecimento. Sem dúvida alguma sua estrutura fortemente hierarquizada colaborou para que ultrapassasse todas as crises, concentrando o saber e o poder. Internamente havia uma divisão entre o alto clero, membros da nobreza que exerciam cargos de direção, e o baixo clero, composto por pessoas originárias dos seguimentos mais pobres da população. O comando de toda essa estrutura lentamente concentrou-se nas mãos do bispo de Roma, que se tornou papa no século V.
Para cumprir a missão de evangelização dos reinos bárbaros entre os séculos V e VII, parte do clero passou a conviver com os fieis, constituindo o clero secular, isto é, aquele que vive no mundo. Entretanto, com o tempo, parte dos religiosos se vinculou aos aspectos temporais e materiais do mundo medieval, ou seja, aos hábitos, interesses, relações, valores e costumes dos homens comuns, afastando-se das origens doutrinárias e religiosas.

Paralelamente ao clero secular surgiu o clero regular, formado por monges que serviam a Deus vivendo afastados do mundo material, recolhidos em mosteiros.São Bento organizou a primeira ordem monástica no ocidente, a ordem dos beneditinos, baseado na regra orar e trabalhar, que significa viver, na prática, em estado de obediência, pobreza e castidade. Na verdade, os mosteiros acabaram se tornando o centro da vida cultural e intelectual da Idade Média e também cumpriram funções econômicas e políticas importantes.
Entre os séculos XI e XIII a Igreja viveu diversas crises e mudanças. Contra a concentração de poderes materiais da Igreja surgiram, por exemplo, vários movimentos que questionavam alguns dogmas cristãos e por isso eram considerados heréticos.  Os cátaros, valdenses, patarinos, entre outros, condenavam a riqueza da Igreja e não se submetiam à autoridade do papa. Os hereges foram combatidos com extrema violência pela Igreja Católica, principalmente após a organização do Tribunal do Santo Ofício, no século XII, o julgamento chamava-se Inquisição do Santo Oficio. Dessa crise surgiu uma reforma na Igreja Católica, promovida pelo papa Gregório IX, no século XI. Entre os pontos fundamentais estava a questão de que os senhores feudais não poderiam mais nomear os bispos de sua região, o fim do comércio de bens religiosos, a imposição do celibato clerical e os movimentos das cruzadas.

Na própria Igreja também existiam movimentos contrários ao seu envolvimento nas questões materiais e ao uso da violência contra os hereges. Eram os franciscanos e dominicanos, que pregavam voto de pobreza e por isso eram conhecidos como ordens mendicantes, que se misturavam ao povo, procurando demonstrar a vida pobre e sacrificada do cristão. No entanto, eles foram incapazes de realizar a moralização definitiva da Igreja. Pode-se considerar que toda movimentação contra as interferências da Igreja Católica no mundo material, iniciada na Idade Média, acabaram originando a grande divisão dos católicos no século XVI, com a Reforma Protestante.

O DOMÍNIO DA IGREJA NA IDADE MÉDIA.

A Igreja católica era uma das principais instituições da Idade Média.Sua influência se exercia sobre todos os setores da sociedade, estava presente em cada costume e em cada ato da vida dos cristãos. Regulamentava as relações entre as   pessoas (casamentos, doações de feudos...), definia o que devia ser feito em cada hora: tempo de orações, de jejum, de guerra e de paz. A mentalidade do homen era totalmente dominada pela religião. Aqueles que se afastassem de suas normas sofreriam punições: penitências, exigência de peregrinações e excomunhão. Com o surgimento de novas religiões e o enfraquecimento da Igreja, foi criada a Inquisição, um tribunal religioso que julgava e condenava os acusados de heresias, aqueles que não seguiam os preceitos cristãos. Sendo tão rica e temida a Igreja detinha também grande poder político: os papas interferiam na política dos reis e imperadores, muitas vezes criando conflitos entre uns e outros.  

No ano de 476 o Império Romano do Ocidente foi invadido pelas tribos bárbaras e destruído. Esse evento marca o início da Idade Média, e também uma época onde a Igreja Católica influenciaria e dominaria toda a sociedade européia.
Com o fim do Império Romano, a Igreja era a única instituição organizada nos novos reinos que estavam se formando na Europa Ocidental. Com os ensinamentos da Igreja, a nova civilização se preocupava muito com a religião e a salvação de suas almas. O trabalho dos monges junto aos povos bárbaros foi de grande importância não só espiritual, mas também culturalmente, pois muito dos costumes romanos foram incorporados por esses povos. A Igreja era a detentora do saber, os livros pertenciam ao clero e ficavam confinados nas bibliotecas das igrejas, com uso exclusivo de seus membros. O ensino era voltado principalmente as doutrinas da religião católica.
Mas o poder da Igreja não se limitava a religião. Por ser uma época onde predominava o feudalismo, onde a terra era o maior bem que se possuía, a Igreja era a detentora de grande parte das terras, que eram doadas por aqueles que queriam ser libertos da condenação divina, por isso, a Igreja sem dúvida era a instituição mais poderosa e respeitada na Idade Média. Seu poder se confundia com o poder dos reis, uma vez que ela tinha o domínio político, econômico e cultural. Mas a convivência desses nem sempre foi pacífica, os atritos eram frequentes.
Os reis respeitavam o poder da Igreja, e essa por sua vez, dependia deles para sua proteção. Os casos mais famosos são o do rei Henrique IV do Sacro Império Romano, que foi excomungado pelo Papa Gregório VII e passou três dias na neve suplicando ao Papa para anular a sentença. Também é conhecida a história do Rei Henrique VIII da Inglaterra, que após não ter tido autorização do Papa para se separar e casar novamente rompeu com a Igreja Católica e criou a Igreja Anglicana se auto proclamando a autoridade máxima da mesma.


Somente à Igreja cabia a interpretação das escrituras, e quem ousasse pensar de forma diferente, seria considerado herege e estava sujeito a várias punições, que incluíam torturas psicológicas, físicas e muitas vezes a morte, que era um alívio para essas pessoas castigadas. Mas, ainda que muitos dentro da Igreja tivessem boas intenções, a história dessa instituição está manchada de sangue. Ela que começou sendo perseguida, passava a ser perseguidora no auge de seu poder.
A Igreja foi responsável pelo início das Cruzadas em 1096. Foram nove cruzadas que deixaram como saldo milhares de mortos e um aumento de hostilidade entre cristãos e muçulmanos. No ano de 1184 o Papa Lucio III no Concílio de Verona, ordenou que os bispos realizassem inquisições para localizar os que eram considerados hereges. Os condenados seriam punidos com penas canônicas pela Igreja, e entregues as autoridades seculares. Esse foi o embrião da Inquisição, onde a Igreja mostrou sua intolerância e autoridade a custa de sangue inocente. Em 1233 o Papa Gregório IX estabelece formalmente o Tribunal da Inquisição.
As mulheres eram invariavelmente alvo de perseguições da Igreja, e muitas vezes por atitudes cotidianas. Por exemplo, se alguém estivesse doente, e uma mulher fizesse um chá de ervas para tratar dessa doença,  ou se uma senhora fizesse um bolo e o leite coalhasse, eram sinais claros de “bruxaria”. Para uma pessoa ser considerada herege não era necessário prova. Uma acusação anônima bastava para que a pessoa fosse considerada culpada, e ela tinha que provar sua inocência. Muitos comerciantes acusam outros para se livrar da concorrência. Assim também fazia uma pessoa quando tinha algum problema com a outra. O medo era tão grande que as pessoas acusavam outras somente para não serem acusadas primeiro. Foram criados vários instrumentos de tortura para que os “hereges” confessassem.
A Igreja que antes mostrava sua autoridade através da religião fazia agora através da força. Foi criado o Tribunal do Santo Ofício para cuidar da inquisição. Esse órgão da Igreja Católica mudou de nome através dos anos, já se chamou Sacra Congregação da Inquisição Universal, Sacra Congregação da Romana e Universal Inquisição, e hoje se chama Congregação para a Doutrina da Fé. Até o ano de 2005 o responsável por esse órgão era o cardeal Joseph Alois Ratzinger, hoje o Papa Bento XI. Apesar de o órgão existir atualmente, o domínio da Igreja Católica  acabou enfraquecendo no decorrer do tempo.